Que poderá levar o homem a cometer esse gesto de extremo barbarismo?
Eis a pergunta, inquietante, que a mente humana formula, em todos os continentes, em face da incidência de suicídios em milhares e milhares de lares de todo o planeta, quer seja em lares humildes, em lares de mediana condição, ou mesmo em lares onde a riqueza impera.
Apontaríamos, em tese, algumas das principais motivações, ao nosso modesto modo de ver, que levam o indivíduo a pensar e até mesmo cometer este tão grandioso quanto desesperador ato, sabendo que outras inúmeros causas podem ser aduzidas a estas que abaixo relacionamos.
1) Falta de fé;
2) Orgulho Exacerbado;
3) Desespero e Tédio;
É justamente na fé que encontramos o alimento que nos fortalece a alma, revigorando-nos para os embates naturais da vida de qualquer ser humano, com perspectivas otimistas de alcançar a vitória ao final da luta.
É pela fé que nos propomos a fazer a parte que nos cabe executar e esperamos confiantes em Deus nosso Pai, e em seus dignos emissários, a resolução da parte que não depende de nossa vontade.
A fé é mãe generosa dos que confiam, que trabalham convictos de que no momento certo a ajuda do alto lhe chegará; e aquele que a tem, eleva seu pensamento numa calorosa prece, haurindo do Fluido Cósmico Universal as substâncias balsâmicas, calmantes, harmoniosas..., que nos ajudam a aclarar o entendimento e fortalecer o coração.
O Orgulho Exacerbado, não é, outra coisa senão a ausência de humildade, pois o humilde não se faz orgulhoso; ao contrário a humildade é o mais poderoso antídoto para o orgulho e o egoísmo. O tal orgulho ferido tem sido causa de desastres e dores que castigam seus portadores por séculos afio;
O Desespero e o tédio que assolam grande parte das criaturas humanas as levam a se acharem sem quaisquer perspectivas de melhorarem e invadidas pelo desgosto que as espreitam, encontram como solução para seus problemas o fim da vida que julgam acabar também com os problemas que vivenciam, são inúmeras as mensagens deixadas pelos desesperados suicidas, com referência ao "desencanto com a vida", sem que procurassem buscar ajuda para o fortalecimento da esperança em dias melhores;
O Desequilíbrio nervoso, que poderia ter sido combatido e até evitado, no seu início, se o indivíduo tivesse procurado os adequados recursos que a moderna medicina legal é capaz de propiciar, muito provavelmente teria se restabelecido em seu equilíbrio emocional, e não teria chegado às raias da loucura para tal cometimento.
Desânimo com moléstias consideradas incuráveis, as moléstias incuráveis, são também fatores de grande motivo de suicídios, pois muitos dos portadores dessas moléstias não vêm mais motivos para continuarem nas estatísticas dos vivos, não percebendo que a Deus tudo é perfeitamente possível, e que muitas das moléstias que ontem matavam sem apelação, hoje são perfeitamente controladas pela medicina moderna, e com o pensamento desarmonizado, esperando apenas o dia da morte, têm na vida um fardo altamente pesado que desejam se ver livres o mais breve possível, visualizando no suicídio a única solução viável.
O desânimo é uma falta, nos esclarecem os espíritos superiores, falta que é sem dúvida na maioria dos casos o início de tudo; é ele inimigo perigoso, contra o qual deveremos estar sempre alertas, visto que é altamente contagioso, instalando-se quase que de maneira imperceptível no ser, que passa de repente a não ter vontade para as coisas mais normais do dia a dia das pessoas, perdendo pouco a pouco o interesse pela vida, e não acreditando sequer nos poderes do Pai Celestial.
A Doutrina Espírita, nos esclarece que “fé inabalável só é aquela que é capaz de encarar frente a frente, a razão em todas as épocas da humanidade”, pede a seus sinceros adeptos para suportar e vencer, resistir e transpor os mais sérios obstáculos, inclusive os relacionados com uma existência dolorosa, sob o aspecto moral ou físico, pois os férteis e aflitivos problemas, de nossa estada neste planeta em cada encarnação não passam de um piscar de olhos se comparados à eternidade que nos espera para gozarmos da verdadeira felicidade que não conquistaremos nesse nosso estado de espíritos imperfeitos; mas, fadados ao progresso e a sublimação; afirmando-nos que quem tem fé não deserta da vida, pois sabe que os recursos divinos, de socorro à humanidade, são inesgotáveis. Não conseguiremos jamais esvaziar os mananciais sublimes e incalculáveis da misericórdia de Deus!
Diante dos problemas causados pela moléstia considerada incurável, procura o enfermo, algumas vezes, no suicídio, a solução do seu problema; infeliz engano, pois a ninguém é lícito conhecer até onde chegam os recursos curadores da Espiritualidade Superior, que é a representação da soberana bondade Divina, caindo em desespero ainda maior, visto que além da doença que não se curará por si só, ainda terá que dar conta do veículo físico que a misericórdia divina lhe concedeu para seu crescimento como espírito imortal a caminho da angelitude.
Quantas vezes amigos do Mais Alto intervêm, prodigiosamente, quando a Medicina, desalentada, já desistiu por ter chegado ao limite de sua capacidade de ação, não encontrando recursos nos atuais conhecimentos desenvolvidos pelas pesquisas científicas?
Sugestões de encarnados e desencarnados, Há outro tipo de suicídio, aquele que resulta da indução, sutil ou ostensiva, de terceiros, encarnados ou desencarnados, especial e mais numerosamente dos desencarnados, não sendo demais afirmar, por efeito de observação, que a quase totalidade dos auto-extermínios foi estimulada por entidades perversas, inimigas ferrenhas do passado, que, ligando-se ao campo mental de quantos idealizam, em momento infeliz, o suicídio, intensificando-lhes, na hora adequada, a sinistra idéia.
Grande número dos suicidas se deixaram envolver pelas sugestões de pessoas desequilibradas dos dois planos da vida, e se já tinham motivos pessoais para cometerem esse ato lastimável, encontram nessas sugestões, material farto e poderoso para seu cometimento. Pessoas há que não sabem sugerir coisas positivas, e só conversam sobre assuntos negativos, desanimadores, influenciando o fraco de espírito, ao desespero e à desdita.
Precisamos entender que o ser humano, tem na razão, o grande e justo juiz de seus atos, pois é pela razão que deve embasar seus fundamentos materiais, morais, religiosos, utilizando-se dessa eficaz ferramenta para consolidar uma fé raciocinada, que lhe indicará o melhor caminho a seguir, mesmo diante de inúmeras sugestões dos “entendidos” que não deixarão de dar sua opinião, mesmo sem serem convidados a opinar.
Do outro lado da vida, o suicida que teve a ilusão de ver seus problemas resolvidos com a extinção do corpo físico, que acreditava ver cessarem suas dores e problemas, depara-se com a inusitada situação de ver agravada sua desgraça, com os mesmos sofrimentos dos quais se julgava livre, e mergulhado na tortura.
A Doutrina Espírita, nos apresenta relatos de antigos suicidas e obras especializadas, de origem mediúnica, falando-nos, inclusive, de vales sinistros, onde se congregam, em infelizes e trevosas sociedades, os que sucumbiram no auto-extermínio.
Nessas regiões, indescritíveis na linguagem humana, os quadros são terríveis, de desespero, angústia, lamentação, solidão, trevas, pesadelos horrendos, com a sensação, por parte do infeliz, de que se encontra "num deserto, onde os gritos e gemidos têm ressonâncias fúnebres", o arrependimento do impensado ato cometido lhe traz a visão constante das cenas do seu suicídio; recordação aflitiva dos familiares do lar distante, dolorosamente perdidos na insânia de sua atitude, causando dores e lágrimas em todos.
Passa então a ter saudades da vida; dos entes queridos; das coisas que possuía, e que não soube valorizar, por lhe haver faltado um pouco mais de fé e confiança na ajuda de Deus, que tem sempre no momento adequado, a solução para enviar ao seu filho muito amado, que deveria acreditar, que na hora mais adequada a solução chegaria.
Os mais variados efeitos psicológicos e as mais diversas repercussões morais tornam a presença do suicida, no mundo espiritual, um autêntico inferno, onde estagiará não se pode precisar por quanto tempo, pois tudo dependerá de uma série de fatores que não temos condições de enumerar, mas que fazem parte da Lei Natural de Amor e Justiça.
Se, fosse possível, aos nossos olhos uma breve e pálida visão das cenas torturantes com que se deparam os suicidas, no mundo espiritual, com absoluta certeza afirmamos, que o homem jamais admitiria a morte por fuga de seus problemas na vida de encarnado, e com isso diminuiria quase que totalmente as estatísticas sobre esse tipo de morte.
O Espiritismo, chamando a atenção dos homens para a realidade da vida do suicida após a morte do corpo físico, apresentando a todos os testemunhos dos próprios espíritos que cometeram esse ato insano, ensina-nos que a vida é concessão de Deus e só ele pode dar cabo quando bem entender.
No Livro dos Espíritos, PARTE 4ª - CAPÍTULO I, DAS PENAS E GOZOS TERRESTRES, encontramos as perguntas formuladas pelo codificador e tão bem esclarecidas pelos Espíritos Superiores sobre o Suicídio e que abaixo transcrevemos:
Desgosto da vida. Suicídio
943. Donde nasce o desgosto da vida, que, sem motivos plausíveis, se apodera de certos indivíduos?
“Efeito da ociosidade, da falta de fé e, também, da saciedade. “Para aquele que usa de suas faculdades com fim útil e de acordo com as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida se escoa mais rapidamente. Ele lhe suporta as vicissitudes com tanto mais paciência e resignação, quanto obra com o fito da felicidade mais sólida e mais durável que o espera.”
944. Tem o homem o direito de dispor da sua vida?
“Não; só a Deus assiste esse direito. O suicídio voluntário importa numa transgressão desta lei.”
a) - Não é sempre voluntário o suicídio?
a) - Os que hajam conduzido o desgraçado a esse ato de desespero sofrerão as conseqüências de tal proceder?
“Oh! Esses, ai deles! Responderão como por um assassínio.”
947. Pode ser considerado suicida aquele que, a braços com a maior penúria, se deixa morrer de fome?
“É um suicídio, mas os que lhe foram causa, ou que teriam podido impedi-lo, são mais culpados do que ele, a quem a indulgência espera. Todavia, não penseis que seja totalmente absolvido, se lhe faltaram firmeza e perseverança e se não usou de toda a sua inteligência para sair do atoleiro. Ai dele, sobretudo, se o seu desespero nasce do orgulho. Quero dizer: se for quais homens em quem o orgulho anula os recursos da inteligência, que corariam de dever a existência ao trabalho de suas mãos e que preferem morrer de fome a renunciar ao que chamam sua posição social! Não haverá mil vezes mais grandeza e dignidade em lutar contra a adversidade, em afrontar a crítica de um mundo fútil e egoísta, que só tem boa-vontade para com aqueles a quem nada falta e que vos volta as costas assim precisais dele? Sacrificar a vida à consideração desse mundo é estultícia, porquanto ele a isso nenhum apreço dá.”
948. É tão reprovável, como o que tem por causa o desespero, o suicídio daquele que procura escapar à vergonha de uma ação má?
“O suicídio não apaga a falta. Ao contrário, em vez de uma, haverá duas. Quando se teve a coragem de praticar o mal, é preciso ter-se a de lhe sofrer as conseqüências. Deus, que julga, pode, conforme a causa, abrandar os rigores de Sua justiça.”
949. Será desculpável o suicídio, quando tenha por fim obstar a que a vergonha caia sobre os filhos, ou sobre a família?
“O que assim procede não faz bem. Mas, como pensa que o faz, Deus lhe leva isso em conta, pois que é uma expiação que ele se impõe a si mesmo. A intenção lhe atenua a falta; entretanto, nem por isso deixa de haver falta. Demais; eliminai da vossa sociedade os abusos e os preconceitos e deixará de haver desses suicídios.” Aquele que tira de si mesmo a vida, para fugir à vergonha de uma ação má, prova que dá mais apreço à estima dos homens do que à de Deus, visto que volta para a vida espiritual carregado de suas iniqüidades, tendo-se privado dos meios de repará-los durante a vida corpórea. Deus, geralmente, é menos inexorável do que os homens. Perdoa aos que sinceramente se arrependem e atende à reparação. O suicídio nada repara.
950. Que pensar daquele que se mata, na esperança de chegar mais depressa a uma vida melhor?
“Outra loucura! Que faça o bem e mais cedo estará de lá chegar, pois, matando-se, retarda a sua entrada num mundo melhor e terá que pedir lhe seja permitido voltar, para concluir a vida a que pôs termo sob o influxo de uma idéia falsa. Uma falta, seja qual for, jamais abre a ninguém o santuário dos eleitos.”
951. Não é, às vezes, meritório o sacrifício da vida, quando aquele que o faz visa salvar a de outrem, ou ser útil aos seus semelhantes?
“Isso é sublime, conforme a intenção, e, em tal caso, o sacrifício da vida não constitui suicídio. Mas, Deus se opõe a todo sacrifício inútil e não o pode ver de bom grado, se tem o orgulho a manchá-lo. Só o desinteresse torna meritório o sacrifício e, não raro, quem o faz guarda oculto um pensamento, que lhe diminui o valor aos olhos de Deus.”
Todo sacrifício que o homem faça à custa da sua própria felicidade é um ato soberanamente meritório aos olhos de Deus, porque resulta da prática da lei de caridade. Ora, sendo a vida o bem terreno a que maior apreço dá o homem, não comete atentado o que a ela renuncia pelo bem de seus semelhantes: cumpre um sacrifício. Mas, antes de o cumprir, deve refletir sobre se sua vida não será mais útil do que sua morte.
952. Comete suicídio o homem que perece vítima de paixões que ele sabia lhe haviam de apressar o fim, porém a que já não podia resistir, por havê-las o hábito mudado em verdadeiras necessidades físicas?
“É um suicídio moral. Não percebeis que, nesse caso, o homem é duplamente culpado? Há nele então falta de coragem e bestialidade, acrescidas do esquecimento de Deus.”
a) - Será mais, ou menos, culpado do que o que tira a si mesmo a vida por desespero?
“É mais culpado, porque tem tempo de refletir sobre o seu suicídio. Naquele que o faz instantaneamente, há, muitas vezes, uma espécie de desvairamento, que alguma coisa tem da loucura. O outro será muito mais punido, por isso que as penas são proporcionadas sempre à consciência que o culpado tem das faltas que comete.”
953. Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?
“É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. E quem poderá estar certo de que, mau grado às aparências, esse termo tenha chegado; de que um socorro inesperado não venha no último momento?”
a) - Concebe-se que, nas circunstâncias ordinárias, o suicídio seja condenável; mas, estamos figurando o caso em que a morte é inevitável e em que a vida só é encurtada de alguns instantes.
b) - Quais, nesse caso, as conseqüências de tal ato?
“Uma expiação proporcionada, como sempre, à gravidade da falta, de acordo com as circunstâncias.”
954. Será condenável uma imprudência que compromete a vida sem necessidade?
955. Podem ser consideradas suicidas e sofrem as conseqüências de um suicídio as mulheres que, em certos países, se queimam voluntariamente sobre os corpos dos maridos?
“Obedecem a um preconceito e, muitas vezes, mais à força do que por vontade. Julgam cumprir um dever e esse não é o caráter do suicídio. Encontram desculpa na nulidade moral que as caracteriza, em a sua maioria, e na ignorância em que se acham. Esses usos bárbaros e estúpidos desaparecem com o advento da civilização.”
956. Alcançam o fim objetivado aqueles que, não podendo conformar-se com a perda de pessoas que lhes eram caras, se matam na esperança de ir juntar-se-lhes?
“Muito diverso do que esperam é o resultado que colhem. Em vez de se reunirem ao que era objeto de suas afeições, dele se afastam por longo tempo, pois não é possível que Deus recompense um ato de covardia e o insulto que Lhe fazem com o duvidarem da Sua providência. Pagarão esse instante de loucura com aflições maiores do que as que pensaram abreviar e não terão, para compensá-las, a satisfação que esperavam.” (934 e seguintes)
957. Quais, em geral, com relação ao estado do Espírito, as conseqüências do suicídio?
“Muito diversas são as conseqüências do suicídio. Não há penas determinadas e, em todos os casos, correspondem sempre às causas que o produziram. Há, porém, uma conseqüência a que o suicida não pode escapar; é o desapontamento. Mas, a sorte não é a mesma para todos; depende das circunstâncias. Alguns expiam a falta imediatamente, outros em nova existência, que será pior do que aquela cujo curso interromperam.”