Aos pais cabe a grave e operosa tarefa de auto preparação para o sublime cometimento, graças ao qual se desenvolvem, num incessante crescendo, os valores intelecto-morais, preparando-os para as inestimáveis conquistas da paz e da felicidade que almejam.
Comprometidos antes do renascimento, em face de deveres inadiáveis, os espíritos que irão constituir o grupo familiar assumem responsabilidades perante a futura prole, elaborando planos e projetos que se devem concretizar quando na organização carnal, de modo a atender o impositivo da evolução.
Consultados os mapas das responsabilidades pessoais, são-lhes apresentados pelos Guias espirituais aqueles que deverão constituir-lhes a prole, em cuja convivência desenvolverão os sentimentos de amor e proporão as pautas para o processo de crescimento espiritual, no qual todos deverão atingir as metas que perseguem.
Preparados, portanto, antecipadamente, esses futuros genitores delineiam os programas de auto iluminação, de responsabilidade perante a vida, exercitando a paciência e o amor para o êxito do empreendimento, conscientizando-se das altas responsabilidades que irão assumir.
Reencarnados, avançam, às vezes, por caminhos diferentes até o momento do reencontro, quando se identificam afetuosamente, vinculando-se e providenciando a união conjugal indispensável à organização da família.
Nem sempre, porém, os planos cuidadosamente elaborados conseguem desenvolver-se conforme seria ideal, dentro da programação estabelecida, em face da precipitação emocional e do desajuste psicológico, como decorrência da precipitação e imaturidade sexual, que invariavelmente se transforma em conflito tanto quanto em insatisfação...
Nesse caso, os arroubos da paixão comburem os melhores sentimentos, empurrando os parceiros para o futuro tédio no relacionamento ou para a agressividade como fruto da saturação e do despertar de novos apetites...
Para que sejam evitados dramas dessa natureza é indispensável que haja uma consciência de responsabilidade no uso do sexo, com objetivo primordial em favor da procriação, embora as bênçãos que defluem da verdadeira união dos indivíduos que se renovam mediante os hormônios defluentes do conúbio, sejam de natureza fisiológica, assim como aqueles que conduzem as cargas emocionais que os equilibram e pacificam.
A paternidade, portanto, assim como a maternidade, deve ser responsável, consciente do significado da união, a fim de que sejam evitados os danosos recursos do aborto provocado e das suas lamentáveis mazelas de graves consequências.
O aborto jamais resolve ou apaga os erros cometidos por imprevidência, dando lugar ao crime do infanticídio, que agrava o processo evolutivo daquele que o comete.
O amadurecimento psicológico, mediante a consciência do dever, na aquisição do trabalho digno que confere segurança à prole, torna-se impositivo imediato, mesmo antes de ser assumido o compromisso familiar.
A vida não improvisa, sendo toda um trabalho de organização superior que cumpre ser levado adiante com seriedade e segurança.
Desse modo, a disciplina moral na conduta dos parceiros - cônjuges ou não - é fator de relevante significado para a organização familiar, ensejando identificação de sentimentos entre os membros que a constituirão.
Eis por que o amor é fundamental para um legítimo relacionamento afetivo, nunca podendo ser descartado, nem substituído por desvios de comportamento ou dolo moral, envolvendo um ou outro membro da parceria.
Desde quando nasce um filho, os genitores são convidados pela vida a uma mudança de objetivos existenciais.
Antes, enquanto se preparavam para o prazer, para o desfrutar das alegrias da vida em comum, tudo seguia bem, com a chegada do filho uma natural mudança de conduta deve tomar o lugar das aspirações vigentes, porque, a partir de então, a responsabilidade para com o rebento da própria carne torna-se primordial.
Os cuidados que o recém-nascido exige alteram completamente os hábitos até então mantidos, propondo novas condutas e atividades, nas quais a renúncia pessoal começa a impor-se em benefício do ser frágil e em desenvolvimento que aguarda apoio e orientação.
A partir daí, são transferidos os prazeres pessoais que se convertem em deveres para com o filhinho, constituindo-se uma felicidade, uma infinita satisfação de cuidá-lo e de dar-lhe a assistência emocional e moral de que tem necessidade, na condição de ave implume que necessita de tempo para desferir o próprio vôo...
A conduta dos genitores no relacionamento, de maneira equivalente sofre alteração para melhor, porque educar é oferecer exemplos, desde que o educando copia com mais facilidade as lições vivas que lhe são apresentadas, antes que as teorias com que é informado.
Se os exemplos no lar são fecundos de amor, de respeito e de paciência, os filhos tornam-se afáveis, dignos e gentis, exceção feita àqueles que são portadores de transtornos de conduta ou vítimas de fenômenos teratológicos, por impositivo expiatório necessário.
Mesmo, nesses casos, as vibrações defluentes da conduta dos pais contribuem grandemente para a pacificação e o equilíbrio possível desses espíritos em luta de sublimação pelo cadinho das reparações inadiáveis.
A capacidade de repartir o amor, quando a prole se multiplica, é outro dever de que os genitores se devem conscientizar, evitando a criação de áreas de conflitos por ciúmes reais ou não, através de comportamentos especiais em relação a um, em detrimento de outro, porque todos são procedentes da mesma cadeia genética.
Compreensivelmente, sabe-se que muitos espíritos que renascem no mesmo lar, nem sempre são credores da mesma afetividade, no entanto, essa é a oportunidade de união e de reparação, harmonizando os sentimentos num mesmo tom vibratório de afetividade.
Infelizmente, a imaturidade psicológica de muitos adultos que se tornam pais, leva-os a comportamentos infantis, procurando manter os mesmos hábitos de antes da constituição da prole.
Considerando-se os modernos padrões de tolerância para com as condutas morais permissivas, esses adultos lamentam não mais poder fruir dos prazeres enganosos, ignorando as novas responsabilidades, a fim de se manterem distantes dos novos deveres que lhes cumpre atender.
Pensam que, tornando-se fornecedores dos recursos que mantêm o lar, já estão sacrificados em demasia para novos comprometimentos e renúncias.
Prosseguem mantendo as atitudes irresponsáveis de antes ou transferindo as suas frustrações para os filhos, oferecendo-lhes satisfações inoportunas e levando-os a assumirem compromissos levianos e frívolos, mais vinculados aos prazeres sensoriais, sem os correspondentes deveres para com o desenvolvimento da inteligência, da moral, da saúde mental.
Muitas mães transferem para as filhas ainda pequenas as angústias e frustrações, tornando-as modelos infantis, que imitam os adultos, roubando-lhes a infância, tirando-lhes as abençoadas oportunidades de viver a quadra de construção de valores significativos, precipitando-lhes o desenvolvimento da sensualidade, do erotismo, do desrespeito pelo corpo e pela vida...
Pais masculinos inescrupulosos iniciam os filhos nos vícios que lhes exornam a personalidade, de cedo condicionando-os ao tabaco, ao álcool, à agressividade, ao desrespeito no lar e, posteriormente, na sociedade.
Outros tantos, adornam os filhos como se fossem objetos de exibição, e dessa forma exibem-se a si mesmos através deles, chamando a atenção para a aparência sem maior preocupação com o caráter, com a realização íntima.
Os filhos são responsabilidades sérias que não podem ser descartadas sem as consequências correspondentes.
Enquanto não surja uma consciência doméstica fundamentada no amor responsável e profundo, sem os pieguismos da imaturidade psicológica dos indivíduos desajustados, a família sofrerá hipertrofia de valores morais, tombando na anarquia e no despautério que vêm caracterizando a sociedade contemporânea.
Por outro lado, o amadurecimento sexual extemporâneo, resultado das provocações pornográficas e do erotismo em alta, impulsiona os jovens a relacionamentos rápidos, destituídos de significado, ora por curiosidade, momentos outros por impulsos asselvajados, empurrando meninas ainda adolescentes e totalmente despreparadas para a maternidade, procriando sem consciência e abandonando os filhos, à semelhança de alguns animais que se libertam das crias com total insensibilidade.
Esses órfãos de pais vivos, mesmo quando amparados por avós amargurados, que neles descontam a irresponsabilidade dos filhos, desenvolvem-se, quase sempre sem afetividade, relegados a planos secundários, considerados cargas indesejáveis, que irão dificultar a economia social com pesado ônus.
Revoltados com a situação em que se encontram, reúnem-se em bandos, em tribos, em grupos de excluídos, aumentando os conflitos que explodem nas ruas, nas comunidades, no terrorismo, na criminalidade desordenada...
Outrossim, são recolhidos pelos traficantes de drogas que os utilizam na condição de distribuidores desse sórdido veículo de decomposição moral e humana, parceiros da morte antecipada, que se espalham pelos antros escusos ou surgem nos apartamentos de luxo e de loucura, arrebatando vidas...
O lar, portanto, quanto se perverte, ameaça a estrutura da sociedade.
O lar, no entanto, sustenta-se nos pilotis vigorosos que são os genitores, deles dependendo a sua edificação ou o seu soçobro.
O decálogo mosaico aborda o mandamento, no qual a Lei Divina impõe o amor e o respeito ao pai e à mãe, no entanto, é do Soberano Código o impositivo de que os pais devem esforçar-se por merecer o respeito e o amor da prole através da sua conduta em relação à mesma.
Livro: Constelação familiar
Divaldo Franco/Joanna de Ângelis