São comuns nas casas espíritas, as recomendações aos amigos e irmãos que as buscam na procura de ajuda para seus problemas de qualquer ordem, a prescrição da oração como sendo parte integrante de qualquer tratamento constante da terapêutica espírita, constituindo-se mesmo de fundamental importância em qualquer tratamento sério oferecido pelas instituições espíritas.
Não menos importante se faz, que o trabalhador espírita demonstre sua confiança e fé na eficácia de tal procedimento, para que o necessitado de ajuda possa manter esperança no melhoramento de sua situação pela confiança que o tarefeiro lhe demonstre ter no resultado final dos procedimentos que lhe serão propostos.
Em conversas que temos tido com muitos desses tarefeiros temos notado que alguns deles falam mais por hábito do que por convencimento, pois, na verdade ainda continuam sem a devida confiança nas terapêuticas que vão propor, demonstrando uma fé ainda muito vacilante, o que nos faz refletir que a maioria deles ainda não sabe tirar total proveito dessas recomendações nem para si mesmos.
A Doutrina Espírita nos explica essa interessante afirmativa, sobre o poder da oração, não deixando de mencionar que a fé deve ser raciocinada e aliar-se à razão, que só a ciência nos pode confirmar, para que não se peça nem espere absurdos. Sabemos que estudos sérios, no campo da neurociência estão voltando o olhar para a afirmação do pensamento comum do benefício proporcionado pela prece, e investem cada vez mais em pesquisas que comprovem que realmente a fé é capaz de conceder alívio e bem-estar ao indivíduo adoentado, incentivando-os a pratica da oração, da meditação, dos exercícios de ioga ou outras técnicas de concentração, que possam lhe trazer benefícios à saúde.
“No sentido próprio, é certo que a confiança nas suas próprias forças toma o homem capaz de executar coisas materiais, que não consegue fazer quem duvida de si. Aqui porém unicamente no sentido moral se devem entender essas palavras. As montanhas que a fé desloca são as dificuldades, as resistências, a má vontade, em suma, com que se depara da parte dos homens, ainda quando se trate das melhores coisas. Os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas são outras tantas montanhas que barram o caminho a quem trabalha pelo progresso da Humanidade. A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem se vençam os obstáculos, assim nas pequenas coisas, que nas grandes. Da fé vacilante resultam a incerteza e a hesitação de que se aproveitam os adversários que se têm de combater; essa fé não procura os meios de vencer, porque não acredita que possa vencer.
Noutra acepção, entende-se como fé a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. Num como noutro caso, pode ela dar lugar a que se executem grandes coisas.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado. A fé vacilante sente a sua própria fraqueza; quando a estimula o interesse, toma-se furibunda e julga suprir, com a violência, a força que lhe falece. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, denota fraqueza e dúvida de si mesmo.” (1)
Não ignoramos que o nosso cérebro é constituído principalmente por neurônios e estes se ligam a outros milhares através das sinapses, para a construção das redes neurais que compõem o que se acredita ser a sede da atuação do espírito enquanto encarnado, na utilização dos complexos mecanismos da mente humana.
As atitudes do indivíduo na sua vida diária forma um padrão de comportamento que automatizado “vicia” os caminhos que os neurônios percorrem no cérebro, assim cada vez que tais comportamentos se repetem, fortificam esses caminhos neurais causando ao indivíduo a impressão que tudo lhe acontece da mesma maneira que sempre.
Se, acreditarmos com sinceridade que orar pode nos trazer melhoras, modificaremos esses mecanismos viciados, abrindo o pensamento para as energias Superiores que estão latentes em nosso Ser Imortal; centelha Divina que imediatamente nos alivia, pois, procede da legítima fonte geradora do amor da paz e da harmonia, e quem a ela se liga, jamais deixará de obter a os benefícios que ela propicia.
Encontramos no livro Os Mensageiros, excelente explicação sobre o poder da oração conforme relato que segue:
“Aniceto, percebendo-nos a perplexidade, falou a Vicente e a mim, de maneira significativa: Conforme viram, o trabalho da prece é mais importante do que se pode imaginar no círculo dos encarnados. Não há prece sem resposta. E a oração, filha do amor, não é apenas súplica. É comunhão entre o Criador e a criatura, constituindo, assim, o mais poderoso influxo magnético que conhecemos” (…).
Mais à frente continua: (…) “É razoável, porém, destacar que toda prece impessoal dirigida às Forças Supremas do Bem, delas recebe resposta imediata, em nome de Deus. Sobre os que oram nessas tarefas benditas, fluem, das esferas mais altas, os elementos-força que vitalizam nosso mundo interior, edificando-nos as esperanças divinas, e se exteriorizam, em seguida, contagiados de nosso magnetismo pessoal, no intenso desejo de servir com o Senhor”. (2)
Esse fato, a ciência já comprovou uma oração sincera e verdadeira, nascida do imo do coração do indivíduo, bloqueia imediatamente os efeitos danosos das idéias malsãs e arrastam o homem ao encontro das faixas de vibrações superiores, envolvendo-o nos efeitos sublimes do contato com o bem.
A ciência já pode comprovar também, que através da meditação é possível obter um estado de relaxamento que ativa a liberação de neurotransmissores como o GABA e a serotonina, propiciando ao indivíduo a calma e bem estar, respectivamente, e ainda aumentam as substâncias que aceleram o fortalecimento do sistema imunológico do indivíduo relaxado e confiante.
Essa atitude de calma e confiança do indivíduo leva o cérebro, pela capacidade de plasticidade que tem de criar novas estruturas possibilitando o surgimento de novos caminhos a serem trilhados, gerando novos comportamentos bem melhores que os anteriormente utilizados redundando em benefício inegável para a criatura.
Por essa razão, a doutrina espírita muito nos ajuda a entender que pelos esforços em melhorar nossas más inclinações é que poderemos ser reconhecidos como verdadeiros espíritas, pois, se estivermos dispostos a encontrar nosso estado de equilíbrio e saúde, não podemos deixar de nos dedicar ao hábito da meditação, da oração, do desenvolvimento da nossa fé.
E, não só devemos agir dessa forma para criar novos caminhos neurais, mas também como forma de aumentar nossa capacidade de captar pela “antena parabólica da mediunidade”, as luzes contidas nas faixas vibratórias da Espiritualidade Esclarecida, conectando nessa corrente de luz, nossa mente e nosso coração, pois que, justamente através dessas redes neurais é que a espiritualidade nos envia o auxílio que estamos necessitando.
A oração nos faz bem, porque ajuda a transformar nossas construções mentais negativas em positivas, e, o pensamento otimista transforma o ser humano em fonte de boas vibrações, gerando em sua volta as energias salutares iluminando a vida do seu portador, fazendo surgir dessa forma o homem novo que há tanto tempo espera para se desenvolver em cada um de nós.
Com a sinalização da ciência sobre essa verdade incontestável, as duas alavancas do progresso da humanidade (ciência e religião), cada dia mais se misturam e se fortalecem, pois, como as Leis de Deus são perfeitas, uma não pode se opor à outra, e sim, confirmá-la e comprova-la.
Referências:(1) Kardec, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo – FEB 112ª edição, cap. XIX, item 2 e 3.
(2) Xavier, Francisco Cândido – livro os Mensageiros, pelo espírito André Luiz, FEB 27ª edição Cap. 25
(2) Xavier, Francisco Cândido – livro os Mensageiros, pelo espírito André Luiz, FEB 27ª edição Cap. 25
Francisco Rebouças