“O homem que julga infalível a sua razão está bem perto do erro. Mesmo aqueles, cujas ideias são as mais falsas, se apóiam na sua própria razão e é por isso que rejeitam tudo o que lhes parece impossível.” Fonte: O Livro dos Espíritos, introdução VII.

Trabalhemos todos, pela Unificação do movimento espírita!!

O Espiritismo é uma questão de fundo; prender-se à forma seria puerilidade indigna da grandeza do assunto. Daí vem que os centros que se acharem penetrados do verdadeiro espírito do Espiritismo deverão estender as mãos uns aos outros, fraternalmente, e unir-se para combater os inimigos comuns: a incredulidade e o fanatismo.”

“Dez homens unidos por um pensamento comum são mais fortes do que cem que não se entendam.”
Allan Kardec (Obras Póstumas – Constituição do Espiritismo – Item VI).

“Mas a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia.”Thiago,3/17

“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.” João – 15:7

Falar e Fazer

Em se tratando de reforma íntima: “Fácil é dizer como se faz. Difícil é fazer como se diz.” Precisamos fazer mais e dizer menos. Francisco Rebouças.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

TEMAS ATUAIS


Tudo pronto para o início da entrevista. Gravador ligado, mil perguntas elaboradas no papel e na mente, e Chico Xavier, solícito, à disposição. Mas ele pede um tempo, tira um calhamaço de papéis e mostra ao repórter. São as escrituras das cessões de direitos autorais de todos os livros do médium que ele transfere para várias instituições, como a Federação Espírita Brasileira, sediada no Rio de Janeiro, fundação Marietta Gaio (Rio de Janeiro); Grupo Espírita Emmanuel, Sociedade Civil Editora (São Bernardo do Campo-SP); Ideal - Instituto Divulgação Editora André Luiz (São Paulo-SP); Comunhão Espírita Cristã (Uberaba-MG) e tantas outras.

Em jornal, é impossível registrar os termos de todas as escrituras, mas fica o registro, pois é uma preocupação de Chico Xavier em divulgar o assunto, face ao volume dos livros: até hoje foram publicados 183 títulos, com mais de 9 milhões de exemplares vendidos, inclusive em edições estrangeiras.

A entrevista foi dividida em duas partes. A primeira sobre assuntos gerais (publicada hoje) e uma segunda parte sobre a Doutrina Espírita e a vida particular do médium (que encerrará esta série). Os assuntos abordados tiveram colaboração de vários jornalistas do ESTADO DE MINAS, que redigiram perguntas sobre os mais variados assuntos e que Chico Xavier, durante uma hora, respondeu calma e objetivamente. Eis aí Chico Xavier.

1- VIDA NO ALÉM E PROGRESSO MATERIAL

P - A doutrina espírita é acusada de, ao se preocupar somente com a vida no além, ajudar a manter o sistema político vigente, por não se preocupar com o progresso material e político do homem na Terra. O que acha?

R - É muito interessante isso, mas não desejamos abusar, desprestigiar, desprimorar mesmo a figura de Jesus Cristo. É importante considerar que Jesus cogitou muito da melhora da criatura em si. Auxiliou cada companheiro no caminho a ter mais fé, a amar os seus semelhantes, ensinou os companheiros a se entreajudarem de modo que nós vimos Jesus sempre preocupado com o homem, com a alma. Não nos consta que ele tivesse aberto qualquer processo de subversão contra o Império romano, nem mesmo contra a Palestina ocupada. Então, o espírita não pe propriamente uma pessoa conformada do ponto de vista negativo. Conformismo em Doutrina Espírita tem o sinônimo de paciência operosa. Paciência que trabalha sempre para melhorar as situações e cooperar com aqueles que recebem a responsabilidade da administração de nosso interesses públicos. Em nada nos adiantaria dilapidar o trabalho de um homem público, quando nosso dever é prestigiá-lo e respeitá-lo tanto quanto possível e também colaborar com ele para que a missão dele seja cumprida. Porque é sempre muito fácil subverter as situações e estabelecer críticas violentas ou não em torno das pessoas. Nós precisamos é da construtividade. Não que estejamos batendo palmas para esse ou aquele, mas porque devemos reverenciar o princípio da autoridade, porque sem disciplina não sei se pode haver trabalho, progresso, felicidade, paz ou alegria para alguém. Veja a natureza: se o sol começasse a pedir privilégios e se a Terra exigisse determinadas vantagens, o que seria de nós com a luz e o pão de cada dia?

2 - FUTURO DA HUMANIDADE

P - Há uma preocupação mundial por uma nova ordem econômica e social no mundo (inclusive o Papa João Paulo II já chegou a pedi-la ao presidente Jimmy Carter). Na sua opinião, para onde caminha a humanidade? Haverá possibilidade de, em breve, atingirmos um grau de igualdade e fraternidade entre os homens?

R - Creio que mesmo que Isto nos custe muitos sofrimentos coletivos, nós chegaremos até a confraternização mundial. As circunstâncias da vida na Terra nos induzirão a isso e nos conduzirão para essa vitória da solidariedade humana. Não é para outra coisa que o Cristianismo, nas suas diversas interpretações, dentro das quais está a nossa faixa de Doutrina Espírita militante, terá nascido, não é? Eu creio que acima de nossas governanças, todas elas veneráveis, temos o governo de poderes maiores que nos inspira e que, naturalmente, nos enviará recursos para que essa vitória de fraternidade universal se verifique.

3 - APOCALIPSE

P - Então o senhor não acredita no Apocalipse previsto por Nostradamus e outros videntes para o ano 2.000?

R - Respeito os estudos sobre a Apocalipse, mas não tenho ainda largueza de pensamento para interpretar o Apocalipse, eu creio na bondade eterna do Criador que nos insuflou de vida imortal. Então, acima de todos os Apocalipses, eu creio em Deus e na imortalidade humana e essas duas realidades preponderarão em qualquer tempo da humanidade.

4 - INEXISTÊNCIA DO MAL

P - Sendo assim, o mal nunca vencerá o bem?

R - O bem sanará o mal, porque este não existe; é o bem, o mal interpretado. Muitas vezes aquilo que julgamos como mal, daqui a dois, quatro, seis anos, é um bem. Um bem cuja extensão não conseguimos avaliar. Portanto, o mal está muito mais na nossa impaciência, no nosso desequilíbrio quando exigimos determinadas concessões sem condições de obtê-las. De modo que o mal é como se fosse frio. Este existe porque o calor ainda não chegou. Mas chegando o aquecimento, o frio deixa de existir. Se a treva apareceé porque a luz está demorando, mas quando acendemos a luz ninguém pensa mais nas trevas. Não creio na existência do mal em substância, Isso é uma ficção.

5 - REENCARNAÇÕES NA TERRA

P - Pode-se afirmar que todos os homens que habitaram hoje a Terra já tiveram uma existência anterior de vida?

R - Todos os que estão acima da inteligência submediana são espíritos reencarnados.

Agora, os Espíritos nos explicam que aquelas criaturas demasiadamente primitivas que às vezes nem mesmo se deslocam para o serviço de auto-alimentação, essas criaturas estarão talvez na primeira experiência de existência humana. Mas, desde que a criatura já nasça com determinadas tendências, essas revelam que as pessoas já viveram em outras fases, em outras instâncias.

P - Como se explica então que o mundo tivesse no ano 1.500, vamos supor, 500 milões de habitantes e agora, no limiar do ano 2.000, estarmos com uma população em torno de 4 bilhões de pessoas?

R - O próprio Jesus disse: “A casa de meu Pai tem muitas moradas.” Então, se nós limitarmos a nossa visão a apenas uma unidade física, estaremos limitados em nossos raciocínios. Mas ocorre que a região chamada Crosta Terrestre é cercada por várias áreas habitadas por inteligências junto das quais ainda não temos o acesso preciso. Nós acreditamos, juntamente com os Amigos Espirituais, que a população flutuante da Terra vai para mais de 20 bilhões, isto só a população desencarnada.

6 - DISCOS VOADORES

P - Atualmente, fala-se muito nos contatos de seres extra-terrenos. O Sr. acredita na existência de discos voadores?

R - Eu acredito que existem naves interplanetárias. Mas o assunto é um tanto quanto difícil, porque pertence ao campo da ciência. Nós não podemos ignorar que depois da Segunda Guerra as superpotências experimentaram determinadas máquinas, mormente máquinas voadoras, naturalmente com segredos de Estado que são compreensíveis.

Possivelmente teremos máquinas de formas esféricas para voar e concorrer com nosso aviões, com nossos “Concordes” e talvez estejam esperado a hora certa para surgirem.

Se entrarmos aí numa contenda sobre discos voadores, que dependem de outros mundos, de outras regiões de nossa galáxia e se as sedes desses engenhos não permitirem que eles venham visitar a Terra durante muito tempo e aparecerem as máquinas esféricas das superpotências, então com que rosto vamos aparecer? Vamos deixar que a ciência resolva este problema.

7 - AGRESSÕES À NATUREZA

P - O que poderá acontecer ao mundo se continuarmos as atuais agressões contra a natureza?

R - Acontece que estamos agredindo não a natureza, mas nós próprios e responderemos pelos nossos desmandos. É importante pensar que se criou a ecologia para prevenir este abusos e aqueles que acreditarem na ecologia, acima de seus próprios interesses, nos auxiliarão nessa defesa do nosso mundo natural, da nossa vida simples na Terra que poderia ser uma vida de muito mais saúde e de muito mais tranqüilidade se nós respeitássemos coletivamente todos os dons da natureza. Mas, se a continuarmos agredindo demasiadamente, o preço será pago por nós próprios, porque depois voltaremos em novas gerações plantando árvores, acalentando sementes, modificando o curso dos rios, despoluindo as águas, drenando os pântanos e criando filtros que nos liberem da poluição. O problema será sempre do Homem. Teremos que refazer tudo porque estamos agindo atualmente contra nós mesmos.
8 - LEGALIZAÇÃO DO ABORTO

P - Estuda-se no Brasil uma forma de legalização do aborto. Qual sua opinião?

R - O aborto é sempre lamentável porque se já estamos na Terra com elementos anticoncepcionais de aplicação suave, compreensível e humanitário, porque é que havemos de criar a matança de crianças indefesas, com absoluta impunidade, entre as paredes de nossas casas? Isto é um delito muito grave perante a Providência Divina, porque a vida não nos pertence e sim ao poder divino. Se as criaturas têm necessidade do relacionamento sexual para revitalização de suas próprias forças, o que achamos muito justo, seria melhor se fizessem sem alarme ou sem lesão espiritual ou psicológica para ninguém. Se o anticoncepcional veio favorecer esta movimentação das criaturas, por que vamos legalizar ou estimular o aborto? Por outro lado, podemos analisar que se nossas mães tivessem esse propósito de criar uma lei de aborto no século passado, ou no princípio e meados deste século, nós não estaríamos vivos.

9 - PENA DE MORTE

P - De vez em quando aparece alguém que, em virtude de algum problema social mais grave - a violência, por exemplo, - pede a pena de morte. O senhor concorda?

R - A pena deveria ser de educação. A pessoa deveria ser condenada, mas é a ler livros, a se educar, a se internar em colégios ainda que seja, vamos dizer, por ordem policial.

Mas que as casa punitivas, hoje chamadas de casas de reeducação, sejam escolas de trabalho e de instrução. Isto porque toda criatura está sentenciada a evoluir e nunca sentenciada à morte pelas leis de Deus, porque a morte tem seu curso natural. Por isso, acho que a pena de morte é desumana, porque ao invés de estabelecê-la devíamos coletivamente criar organismos que incentivassem a cultura, a responsabilidade de viver, o amor ao trabalho. O problema da periculosidade da criatura, quando ela é exagerada, esse problema deve ser corrigido com a educação e isso há de se dar no futuro. Porque nós não podemos corrigir um crime com outro, um crime individual com um crime coletivo.

10 - IGREJA CATÓLICA

P - Qual a posição do espiritismo, hoje, quando a Igreja amplia violentamente a Evangelização, com a visita do Papa a várias regiões do mundo?

R - Nós brasileiros temos para a Igreja Católica uma dívida irresgatável, porque por mais de 400 anos nós fomos e somos tutelados por ela na formação do nosso caráter cristão.

Quando nos lembramos que os primeiros missionários entraram na Terra brasileira adentro não com lâminas ou objetos de guerra, mas com a cruz de Cristo, nós nos enternecemos profundamente e compreendemos que a nossa dívida é imensa. Se o nosso povo está tributando as homenagens merecidas e justas ao Papa que nos visita, em missão de Deus, nós devemos estar satisfeitos e rejubilar-nos com essas manifestações, porque isso mostra que nosso povo é reconhecido a uma instituição que nos deu e dá tanto. Hoje podemos ser livres pensadores, espíritas, espiritualistas, evangélicos, podemos matricular nossos corações nas diversas escolas que são derivados do próprio Cristianismo, mas não podemos esquecer aquele trabalho heróico dos primeiros tempos, dos primeiros séculos. A Igreja até hoje tutela a comunidade brasileira com muito amor.
11 - VISITA DO PAPA AO BRASIL

P - A pompa e o luxo com que recebem o Papa e até mesmo a exploração comercial que fizeram com a sua vinda, o senhor acha certo?

R - Não podemos pensar nestes termos porque é a primeira vez que o chefe supremo da Igreja Católica Apostólica Romana visita o nosso país. Nós gastamos fortunas imensas, com todo nosso respeito, no futebol, que é uma instituição mundial. No futebol, os grandes favoritos são até considerados como embaixadores. Se no futebol gastamos às vezes bilhões em determinadas partidas e nos sentimos felizes com nossas festas nos grandes estádios, porque não podemos reverenciar o Papa com a alegria popular das nossas medalhas, das nossas bandeiras, dos nossos acenos de carinho para um homem extraordinário, que tem beijado o chão de tantas terras, que tem se mostrado tão grande pelo coração e a quem devemos tanto respeito? Creio que os brasileiros estão cumprindo um dever e o que se gasta no Brasil para receber o Papa não vai fazer falta a ninguém. Como o dinheiro que se gasta no futebol também não faz. Ou no Carnaval, onde também se gastam bilhões, uma grande festa folclórica que é uma exibição da história do Brasil e de respeito aos grandes acontecimentos da Nação. Enfim, por que o Papa deveria aparecer no Brasil pedindo esmolas?

12 - CÉU E INFERNO

P - O povo hoje tem uma certa incredulidade diante da definições tradicionais do céu e inferno. Na sua visão, como eles seriam?

R - Dentro da visão espírita-cristã, céu, inferno e purgatório começam dentro de nós mesmos. A alegria do bem praticado é o alicerce do céu. A má intenção já é um piso para o purgatório e o mal devidamente efetuado, positivado, já é o remorso que é o princípio do inferno.

13 - LEI CÁRMICA

P - Deve-se aceitar a lei do carma passivamente ou temos condições de modificá-la talvez, para uma condição melhor?

R - Aquilo que ficou estabelecido como sendo nossa dívida é uma determinação que devemos pagar. Se comprei e assumi a dívida, devo pagar. É o que consideramos destinação, é o carma. Mas isso não impede a lei da criatividade com a qual nós podemos atuar todos os dias para o bem, anulando o carma, chamado de sofrimento.

Vamos supor que uma criatura está doente e precisa de uma intervenção cirúrgica. E o caso de perguntarmos: ela deve ou não se submeter à intervenção cirúrgica, o que tem todas as possibilidades de êxito? Ela deve sim, deve preservar o seu próprio corpo, é um dever procurar a medicina e se valer do socorro médico para a reabilitação do seu próprio organismo. Então, aí está uma resposta a esta questão. A misericórdia de Deus sempre nos proporciona recursos para pagar ou reformar os nosso títulos de débitos, assim como uma organização bancária permite que determinadas promissórias sejam pagas com grandes adiamentos conforme o merecimento do devedor. Assim como temos grande número de amigos avalistas a nos tutelar nos Banco, temos também os espíritos extraordinários que são os santos, os anjos, os nossos amigos espirituais que pedem por nós, que nos auxiliam que nos dão mais oportunidade para que a gente tenha mais tempo. Por isso que a pessoa deve cuidar bem do seu corpo, porque ele é a enxada com a qual a criatura está semeando e lavrando o terreno do tempo e das boas ações. De modo que existe o carma, mas existe também o pensamento livre porque nós somos livre por dentro da cabeça.

“SOU UM MÉDIUM COMUM, FALÍVEL COMO QUALQUER OUTRO”*

Mesmo nas horas em que Chico Xavier não está no Grupo Espírita da Prece e sim em descanso em sua residência, o médium continua a ser procurado pelas pessoas.

Entretanto, a equipe de seus amigos que lhe cuidam do bem estar nem sempre concordam em que, no recolhimento de seu lar, Chico Xavier seja importunado pois, afinal, ele é gente como nós mesmos que necessita também de descanso e algumas horas de lazer.

Assim como o público não se contenta em vê-lo somente nas sextas e sábado, é perfeitamente compreensível que um repórter também não se sinta satisfeito com apenas uma hora de entrevista com o médium.

Uma entrevista para ser completa em termos de Chico Xavier necessitaria não de uma hora, ou horas, mas de dias. Como dispusemos de um tempo reduzido (enquanto se procedia a entrevista, a fila de pessoas interessadas em falar com o médium crescia a cada minuto), é claro que o total de assuntos a ser tratado foi também reduzido.

Mas, para quem quiser saber algo além sobre o médium, os seus livros estão aí. Ou, quem sabe, algum dia não ocorrerá um outro encontro nessas mesmas páginas?

14 - DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO

P - Existe alguma maneira de uma pessoa desenvolver a sua mediunidade sem precisar freqüentar um Centro ou mesmo aprofundar-se na doutrina?

R - Nós temos, por exemplo, o Esoterismo em determinadas doutrinas espiritualistas com processos semelhantes aos da Ioga, pelos quais a criatura se aperfeiçoa nas suas faculdades psíquicas e consegue ser, por exemplo, um intérprete do mundo espiritual sem as características do médium espírita-cristão propriamente considerado. Mas nos moldes em que eu me vi na necessidade de encontrar um socorro par os meus problemas psicológicos e espirituais, não vejo outras entidades no momento capazes de, no ponto de vista popular, trazer para o nosso coração tanto benefício como um Centro Espírita Cristão, orientado com segurança por amigos de Cristo e de Allan Kardec capazes de ponderar as responsabilidades que eles assumem. De modo que eu me sinto uma pessoa feliz com o tratamento da mediunidade na estação em que trabalho e me encontro, mas, cada qual tem o seu próprio caminho. Eu não desconheço que toda religião tenha os seus processos de apoio para a sublimação de seus adeptos e respeito todas elas.

15 - INTERESSE CRESCENTE PELO ESPIRITISMO

P - Nota-se de uns tempos para cá um interesse maior nas pessoas em conhecer alguma coisa do espiritismo. Como o senhor vê essa situação?
R - Eu creio que o número de adeptos da Doutrina Espírita tem crescido em função das provas coletivas com que temos sido defrontados, acidentes dolorosos, provações muito difíceis, desvinculações familiares tremendas, transformações muito rápidas nos costumes sociais e tudo isto tem induzido a comunidade a procurar uma resposta espiritual a estes problemas que vão sendo suscitados pela própria renovação do nosso tempo. Eu creio que por isso mesmo a Doutrina Espírita tenha alcançado este campo de trabalho, cada vez mais amplo, que considero também não como êxito, mas como amplitude e responsabilidades para aqueles que são os companheiros da seara espírita e evangélica.

16 - A DOURINA PÓS A DESENCARNAÇÃO DO MÉDIUM

P - Como ficará a doutrina espírita após a sua morte? O senhor acha que ela ficará abalada? Quem poderá substituí-lo na liderança?

R - A Doutrina Espírita estará tão bem depois da minha desencarnação quanto estava antes, porque eu não sou pessoa com qualidades especiais para servi-la. Eu sou um médium tão comum, tão falível como qualquer outro. Não me sinto uma pessoa necessária e muito menos indispensável. Outros médiuns estarão aí interpretando o pensamento e a mensagem dos nossos amigos espirituais, e eu peço a Deus apenas que não me deixe das mancadas em minha tarefa.

17 - PECADO

P - Os espíritas raramente dizem a palavra pecado. Este não existe para a doutrina? Por exemplo, o sexo não seria um pecado?

R - Quanto ao pecado, nós temos na Doutrina Espírita a lei de causa e efeito, que é a lei, como dizem os hindus, a lei do carma. Lei essa pela qual as nossas faltas serão reparadas por nós mesmos. Nós criamos os nossos próprios impedimentos. Por exemplo, se eu pratico o suicídio nesta vida, naturalmente que na próxima eu devo ressurgir num corpo com as características de sofrimento que eu próprio terei criado para mim. De modo que nós não vamos dizer que não existe o conceito de pecado na Doutrina Espírita, mas os espíritas habitualmente não abusam desta palavra porque nós não podemos desconhecer a misericórdia de Deus em sua própria justiça. Se estamos ainda em uma fase de desenvolvimento e de evolução ainda razoavelmente imperfeita, por que é que a perfeição divina haveria de nos punir com castigos eternos, quando um pai humano promove sempre meios para que o seu filho doente ou faltoso seja amparado com o remédio ou com o socorro psicológico? De modo que nós não consideramos o pecado como sendo uma afronta à bondade de Deus mas, sim, a falta que cometermos, uma afronta feita a nós mesmo, pois cada um de nós carrega em si a presença Divina.

18 - SEXO

P - E o sexo?

R - Quanto ao sexo, nós todos estamos conscientes de que é tão importante um órgão genético como é importante o órgão da visão, da audição. Por exemplo, se um homem estabelece um processo de malícia contra alguém, naturalmente que o culpado não é o olho desse homem, mas sim a sua mente que foi quem ideou a malícia. De modo que se o sexo tem alguma falha, esta falha está em nossa mente, mas não no órgão que nos deu especialmente o privilégio do título de filhos, filhos de mães sempre maravilhosas, porque nossas mães são sempre almas grandes, anjos humanos que nos acalentam nos braços e que nos abrem caminhos para a existência humana. E, pelo sexo, é que a Divina Providência nos deu esse santuário.

19 - ORIENTAÇÃO AOS FILHOS

P - Se o senhor tivesse que dar uma mensagem para uma criança, ou mesmo um filho, para que ele pudesse vencer espiritualmente na vida, o que diria?

R - Se eu tivesse um filho (tive na minha vida algumas crianças que cresceram sob a minha responsabilidade), ensinaria nos primeiros dias da vida a esse filho o respeito pela existência de Deus, o respeito à justiça e o amor ao trabalho. E, em seguida, ensinaria a ele que não seria e não será melhor do que os filhos dos outros.

20 - SAÚDE DO ENTREVISTADO

P - Como vai sua saúde?

R - Minha saúde segue razoavelmente bem. Em fins de 76 passei por alguns problemas circulatórios, naturais, numa pessoa que no momento já conta com 70 janeiros de idade.

Mas, para essa quilometragem de tempo, estou razoavelmente bem.

P - O senhor está fazendo acupuntura, não?

R - Sinto grande melhora com a acupuntura. É um tratamento que acrescenta muito às nossas forças, especialmente às energias de resistência contra quaisquer dificuldades orgânicas, de modo que o tratamento me reconforta muitíssimo.

21 - TEMPO DE VIDA FÍSICA DO MÉDIUM

P - O senhor acredita que viverá ainda muitos anos?

R - Acredito que quem chegou ao septuagésimo quilômetro na rodovia do tempo não pode esperar muito, mas estou na condição do trabalhador que, tendo apenas uma enxada para lavrar o campo, tem todo o cuidado com o instrumento, para que este instrumento possa ser usado por mim, em proveito do trabalho que possivelmente eu possa desempenhar com muito carinho.

P - É voz corrente que Chico Xavier sabe a data em que vai morrer...

R - Não. Os Espíritos Amigos me dizem que isto não me é conveniente, porque a nossa mente, mesmo de modo indireto, pode atuar sobre o nosso campo celular, estabelecendo processos destrutivos que não convém de modo algum, a pessoa nenhuma, mesmo àquela que se sinta preparada para deixar o plano físico. Nós devemos ignorar esta data, porque poderíamos criar antecipações de caráter negativo e isso é impróprio para nós.
22 - LIVROS EDITADOS E SEUS DIREITOS AUTORAIS

R - Quantos livros o senhor já escreveu até hoje?

R - Livros editados foram 183. Esta agora com quatro livros no prelo e alguns em preparo, mas um preparo vagaroso.

P - Qual a tiragem, em números atuais, de todos os seus livros?

R - Francamente, o problema editorial eu desconheço por completo na questão de cifras, estatísticas, de procura ou de oferta. É um mercado no qual não entro, pois, estou na produção. Mas as organizações editoriais, que se encarregam desses livros, naturalmente estão prontas a responder a qualquer indagação nesse sentido. Nos próprios livros, eles colocam sempre em cada um quantos já saíram em tantas ou quantas edições. De maneira que isso é fácil de verificar, através dos próprios livros.

P - Os direitos autorais sobre eles foram totalmente doados?

R - Todos eles, sem exceção de qualquer um.

P - Como o senhor vive, então, financeiramente?

R - Dos proventos de minha aposentadoria. E, naturalmente, são muitos os amigos que nos obsequiam, de maneira tão direta e espontânea, que seria uma ingratidão, por exemplo, desprezar um terno de roupa, uma camisa, um par de meias, um par de sapatos. De modo que eu vivo muito bem com os meus vencimentos e com os amigos que eu tenho, que graças a Deus são muitos e não me sinto nem uma pessoa rica para desperdiçar, nem pobre para desejar o que seja alheio.

23 - INCOMPREENSÕES E CALÚNIAS

P - No início de sua missão mediúnica, o senhor foi muitas vezes incompreendido e até caluniado. Como faria uma análise disso, já que hoje sua imagem tem uma outra aceitação?

R - Minha atitude perante a opinião pública foi sempre a mesma, de muito respeito ao pensamento dos outros. Porque nós não podemos esperar que os outros estejam ideando situações e problemas de acordo com nossas convicções mais íntimas. De modo que não posso dizer que sofri essa ou aquela agressão, porque isso nunca aconteceu em minha vida. Sempre encontrei muita gente boa. Vamos procurar um símbolo; dizem que os índios gostam muito de simbologia por falta de termos adequados para se expressar.

Como me sinto uma pessoa bastante inculta, eu gosto muito de recorrer a essas imagens. Vamos pensar que eu seja uma pedra que foi aproveitada no calçamento de uma avenida. Colocada a pedra no piso da avenida, naturalmente que essa pedra vai se sentir muito honrada de estar ali a serviço dos transeuntes que essa pedra não poderá se queixar dos martelos que lhe tenham quebrado as arestas. Todos eles foram benfeitores.

24 - MARATONA ESPIRITUAL

P - Fisicamente, como suporta essa verdadeira maratona espiritual que é a sua vida?

R - Há 53 anos tenho esta tarefa, que me traz muito reconforto, muita alegria mesmo.

Atualmente, com o tratamento de saúde, durante 5 dias da semana eu me abstenho de contatos maiores com o público, porque reservo minhas energias para as sextas e sábados. Mas, dentro desse equilíbrio, não me sinto com qualquer carência de forças, porque a alegria dos amigos também é remédio e compreensão.

25 - UM CASO EXPRESSIVO

P - Poderia nos contar um fato ou uma passagem de sua vida que lhe traz melhores recordações e que mais lhe tocou o coração?

R - Peço permissão para contar um caso que pra mim foi um dos mais expressivos, que mais parece uma história infantil. Eu estava em Uberaba, há uns dois anos, esperando um ônibus para ir ao cartório. Da nossa residência até lá tem uns três quilômetros. Nós, com o horário marcado, não podíamos perder o ônibus. Mas, quando o ônibus estava quase parando, uma criança de uns cinco anos, apresentando bastante penúria, gritava por mim, de longe. Chamava por Tio Chico, mas com muita ansiedade. O ônibus parou e eu pedi então ao motorista: pode tocar o ônibus porque aquela criança vem correndo na minha direção e estou supondo que este menino esteja em grande necessidade de

alguma providência. O ônibus seguiu, eu perdi, naturalmente, o horário. A criança chegou ao meu lado, arfando, respirando com muita dificuldade. Eu perguntei: O que aconteceu, meu filho? Ele respondeu: Tio Chico, eu queria pedir ao senhor para me dar um beijo. Esse eu acho que foi um dos acontecimentos mais importantes de minha vida.

26 - PRÊMIO NOBEL DA PAZ

P - Como vê essa campanha em torno de seu nome para o Prêmio Nobel da Paz?

R - A Campanha nasceu da generosidade de amigos nossos. Cujos nomes me lembro bem, como Augusto César Vannuci, homem de televisão, e Divaldo Pereira Franco, que é professor e também médium de muita responsabilidade na Bahia. Quando soube, o movimento já tinha idade de uns vinte dias. Eu não podia desapontar esses amigos.

Então, estou dentro de uma campanha que não foi desfechada por mim, pois não teria coragem de suscitá-la, mas a vida é também participação e não omissão. E a gente vai com os amigos não para ganhar, mas para compartilhar nas alegrias, nas esperanças, nas aspirações daqueles grupos a que pertencemos. Espero que tudo corra da melhor maneira possível, mas sem nenhuma idéia de ter ou ganhar esse ou aquele troféu, porque eu nunca fiz coisa alguma para merecer essa ou aquela honra. Absolutamente, isto não está em meu pensamento. Agora, considero interessante o assunto depois de desencadeado pela quantidade de amigos que aparecem, pela divulgação dos princípios cristãos, especialmente os princípios espíritas-cristãos. Isto tudo eu acho um prêmio valioso, certo. O amigo é sempre uma remuneração que vem de Deus.

P - O senhor analisa a campanha visando mais o lado da divulgação da doutrina?

R - Vejo mais o lado da movimentação dos assuntos. Porque eu não fiz coisa alguma. Os livros também não me pertencem e sim aos bons espíritos. Estou na condição quase de um espectador, porque eu não mereço e nem tenho méritos para isso. Quando os Espíritos integraram o número de 100 livros em 1969, os amigos fizeram uma festa em Uberaba, lembrando os 100 livros mediúnicos. Alguns companheiros falaram com muito carinho sobre o assunto e chegou a minha vez, quando eu devia agradecer. Então eu disse assim: realmente estamos com 100 livros de nossos amigos espirituais e estou com 100, mas com “s”. E continuo sem.

27 - MUDANÇA DE PEDRO LEOPOLDO

P - Por que o senhor não quis mais voltar para Pedro Leopoldo?

R - O problema não foi propriamente da vontade. Nos meus últimos dois anos em Pedro Leopoldo, fui acometido por uma labirintite muito violenta. Aliás, estive algum tempo sob o tratamento do distinto médico Dr. Costa Chiabi, otorrino em Belo Horizonte. Tratou-me com muita bondade, a ponto de não me cobrar coisa alguma. Aproveito esta oportunidade até para agradecer a ele, afinal nunca é tarde para sermos gratos, não é verdade? Mas eu precisava de um clima mais temperado, um pouco mais quente que o de Pedro Leopoldo. Então, Uberaba era a minha oportunidade porque temos aqui o Parque Fernando Costa, que era subordinado à Inspetoria Regional de Fomento de Produção Animal em Pedro Leopoldo, de cujo quadro de funcionários participei durante o tempo regimental para a aposentadoria, 35 anos. De modo que vim para Uberaba e aqui completei o meu tempo de serviço, me adaptei à cidade e senti-me numa Pedro Leopoldo de maiores dimensões, mas com o mesmo coração de Pedro Leopoldo. Uberaba é uma cidade maravilhosa pela harmonia que reina entre os grupos religiosos e sociais. De modo que adquiri muitas amizades e fiquei sempre com o pensamento balançando entre as duas mãos: uma, que me deu o berço e a outra, que me deu o coração numa hora difícil porque a doença é sempre um obstáculo que temos que resolver. Aqui, felizmente, sarei.

* Entrevista concedida ao repórter Airton Guimarães, para o jornal Estado de Minas, de Belo Horizonte, MG, que constituiu a 3ª. e 4ª. partes de uma longa e minuciosa reportagem, distribuída nas edições de 8, 9, 10 e 12/07/1980, intitulada “Chico Xavier, um homem chamado Amor”, que focalizou, com dezenas de fotos, todo o trabalho espiritual e assistencial realizado nos fins-de-semana no Grupo Espírita da Prece e na Vila do Pássaro Preto, em Uberaba, Minas.

1. Os textos destas escrituras foram publicados na íntegra, no Cap. 16 do livro Encontros no Tempo (Francisco C. Xavier, Espíritos diversos, Hércio M.C. Arantes, IDE, Araras,SP.)
- Nota do organizador.

* Com este subtítulo, foi publicada a 2ª Parte da entrevista (última parte da reportagem) na edição de 12/07/1980 do prestigioso jornal belo-horizontino Estado de Minas. - Nota do organizador.

Livro: Entender Conversando
Chico Xavier/Emmanuel
 
Francisco Rebouças

Brasil coração do mundo...

https://youtu.be/_a9tpJnGcbw

Homenagem a Chico Xavier

Haroldo Dias Dutra - As cartas de Paulo

Haroldo Dutra - Jesus o Médico da Almas

https://youtu.be/Uk7OUvyGCZU



Divaldo Franco

https://youtu.be/OVbstbRFs9M

Entrevista sobre Emmanuel, Joanna de Ângelis...

Reencarnação é uma realidade

Palestra O trabalho no Bem - Cristiane Parmiter

Palestra: As Leis Divinas e nós - Cristiane Parmiter

Palestra: Benevolência - Cristiane Parmiter

Palestra: Jesus e o Mundo - Cristiane Parmiter

Palestra: A Dinâmica do Perdão - Cristiane Parmiter

Palestra: Perante Jesus - Cristiane Parmiter

Palestra AVAREZA - Cristiane Parmiter

Palestra Obediência Construtiva - Cristiane Parmiter

Palestra Tribulações - Cristiane Parmiter

Palestra Conquistando a Fé - Cristiane Parmiter

Palestra Humildade e Jesus - Cristiane Parmiiter

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Glória a Kardec

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De Kardec aos dias de hoje

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Entrevista com Divaldo Franco

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Chico Xavier

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Página de Mensagens

Nesta página estarei lançando variadas páginas de conteúdo edificante para nosso aprendizado.

Francisco Rebouças.

1-ANTE A LIÇÃO

"Considera o que te digo, porque o Senhor te dará entendimento em tudo".- Paulo. II TIMÓTEO. 2:7.

Ante a exposição da verdade, não te esquives à meditação sobre as luzes que recebes.

Quem fita o céu, de relance, sem contemplá-lo, não enxerga as
estrelas; e quem ouve uma sinfonia, sem abrir-lhe a acústica da alma, não lhe percebe as notas divinas.

Debalde escutarás a palavra inspirada de pregadores ardentes, se não descerrares o coração para que o teu sentimento mergulhe na claridade bendita daquela.

Inúmeros seguidores do Evangelho se queixam da incapacidade de retenção dos ensinos da Boa Nova, afirmando-se ineptos à frente das novas revelações, e isto porque não dispensam maior trato à lição ouvida, demorando-se longo tempo na província da distração e da leviandade.

Quando a câmara permanece sombria, somos nós quem desata o ferrolho à janela para que o sol nos visite.

Dediquemos algum esforço à graça da lição e a lição nos responderá com as suas graças.

O apóstolo dos gentios é claro na observação. "Considera o que te digo, porque, então, o Senhor te dará entendimento em tudo."

Considerar significa examinar, atender, refletir e apreciar.

Estejamos, pois, convencidos de que, prestando atenção aos
apontamentos do Código da Vida Eterna, o Senhor, em retribuição à nossa boa-vontade, dar-nos-á entendimento em tudo.

Livro: Fonte Viva
Chico Xavier/Emmanuel

NO CAMPO FÍSICO

"Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo espiritual." - Paulo. (I CORÍNTIOS, 15:44.)

Ninguém menospreze a expressão animal da vida humana, a pretexto de preservar-se na santidade.

A imersão da mente nos fluidos terrestres é uma oportunidade de sublimação que o espírito operoso e desperto transforma em estruturação de valores eternos.

A sementeira comum é símbolo perfeito.

O gérmen lançado à cova escura sofre a ação dos detritos da terra, afronta a lama, o frio, a resistência do chão, mas em breve se converte em verdura e utilidade na folhagem, em perfume e cor nas flores e em alimento e riqueza nos frutos.

Compreendamos, pois, que a semente não estacionou. Rompeu todos os obstáculos e, sobretudo, obedeceu à influência da luz que a orientava para cima, na direção do Sol.

A cova do corpo é também preciosa para a lavoura espiritual, quando nos submetemos à lei que nos induz para o Alto.

Toda criatura provisoriamente algemada à matéria pode aproveitar o tempo na criação de espiritualidade divina.

O apóstolo, todavia, é muito claro quando emprega o termo "semeia-se". Quem nada planta, quem não trabalha na elevação da própria vida, coagula a atividade mental e rola no tempo à maneira do seixo que avança quase inalterável, a golpes inesperados da natureza.

Quem cultiva espinhos, naturalmente alcançará espinheiros.

Mas, o coração prevenido que semeia o bem e a luz, no solo de si mesmo, espere, feliz, a colheita da glória espiritual.

E N T R E I R M Ã O S
Olympia Belém (Espírito)[1]

Estes são tempos desafiadores para todos os que buscam um mundo melhor, onde reine o amor, onde pontifique a fraternidade, onde possam florir os mais formosos sentimentos nos corações.
Anelamos por dias em que a esperança, há tanto tempo acariciada, possa converter-se em colheita de progressos e de paz.
Sonhamos com esse alvorecer de uma nova era em que o Espiritismo, transformado em religião do povo, apresentando Jesus às multidões, descrucificado e vivo, possa modificar as almas, para que assumam seu pujante papel de filhas de Deus no seio do mundo.
Entrementes, não podemos supor que esses ansiados dias estejam tão próximos, quando verificamos que há, ainda, tanta confusão nos relacionamentos, tanta ignorância nos entendimentos, tanta indiferença e ansiedade nos indivíduos, como se vendavais, tufões, tormentas variadas teimassem em sacudir o íntimo das criaturas, fazendo-as infelizes.
A fim de que os ideais do Cristo Jesus alcancem a Terra, torna-se indispensável o esforço daqueles que, tendo ouvido o cântico doloroso do Calvário, disponham-se a converter suas vidas na madrugada luminosa do Tabor.
O mundo terreno, sob ameaças de guerras e sob os rufares da violência, em vários tons, tem urgência do Mestre de Nazaré, ainda que O ignore em sua marcha atordoada, eivada do materialismo que o fascina, que o domina e que o faz grandemente desfigurado, por faltar sentido positivo e digno no uso das coisas da própria matéria.
Na atualidade, porém, com as advertências da Doutrina dos Espíritos, com essa luculenta expressão da misericórdia de Deus para com Seus filhos terrenos, tudo se torna menos áspero, tudo se mostra mais coerente, oferecendo-nos a certeza de que, no planeta, tudo está de conformidade com a lei dos merecimentos, com as obras dos caminheiros, ora reencarnados, na estrada da suspirada libertação espiritual.
"A cada um segundo as suas obras" aparece como canto de justiça e esperança, na voz do Celeste Pastor.
Hoje, reunidos entre irmãos, unimo-nos aos Emissários destacados do movimento de disseminação da luz sobre as brumas terráqueas, e queremos conclamar os queridos companheiros, aqui congregados, a que não se permitam atormentar pelos trovões que se fazem ouvir sobre as cabeças humanas, ameaçadores, tampouco esfriar o bom ânimo, considerando que o Cristo vela sempre. Que não se deixem abater em razão de ainda não terem, porventura, alcançado as excelentes condições para o ministério espírita, certos de que o tempo é a magna oportunidade que nos concede o Senhor. Que ponham mãos à obra, confiantes e vibrantes, certos de que os verdadeiros amigos de Jesus caminham felizes, apesar das lutas e das lágrimas, típicas ocorrências das experiências, das expiações e das provas.
Marchemos devotados, oferecendo, na salva da nossa dedicação, o melhor que o Espiritismo nos ensina, o melhor do que nos apresenta para os que se perdem nas alamedas do medo, da desesperança e da ignorância a nossa volta.
Hoje, entre os amigos espíritas, encontramos maior ânimo para a superação dos nossos próprios limites, o que configurará, ao longo do tempo a superação dos limites do nosso honroso Movimento Espírita.
Sejamos pregadores ou médiuns, evangelizadores, escritores ou servidores da assistência social, não importa. Importa que nos engajemos, todos, nos labores do Codificador, plenificando-nos da grande honra de cooperar com os excelsos interesses do Insuperado Nazareno.
O tempo é hoje, queridos irmãos. O melhor é o agora, quando nos entrelaçamos para estudar, confraternizar e louvar a Jesus com os corações em clima festivo.
Certos de que o Espiritismo é roteiro de felicidade e bandeira de luz, que devemos içar bem alto sobre o dorso do planeta, abracemo-nos e cantemos, comovidos: Louvado seja Deus! Louvado seja Jesus!
Com extremado carinho e votos de crescente progres­so para todos, em suas lidas espiritistas, quero despedir-me sempre devotada e servidora pequenina.
Olympia Belém.

[1]
- Mensagem psicografada pelo médium J. Raul Teixeira no dia 03.09.95, no encerramento da X Confraternização Espírita do Estado do Rio de Janeiro.

O TEMPO

“Aquele que faz caso do dia, patrão Senhor o faz.” — Paulo. (ROMANOS, capítulo 14, versículo 6.)

A maioria dos homens não percebe ainda os valores infinitos do tempo.
Existem efetivamente os que abusam dessa concessão divina. Julgam que a riqueza dos benefícios lhes é devida por Deus.
Seria justo, entretanto, interrogá-los quanto ao motivo de semelhante presunção.
Constituindo a Criação Universal patrimônio comum, é razoável que todos gozem as possibilidades da vida; contudo, de modo geral, a criatura não medita na harmonia das circunstâncias que se ajustam na Terra, em favor de seu aperfeiçoamento espiritual.
É lógico que todo homem conte com o tempo, mas, se esse tempo estiver sem luz, sem equilíbrio, sem saúde, sem trabalho?
Não obstante a oportunidade da indagação, importa considerar que muito raros são aqueles que valorizam o dia, multiplicando-se em toda parte as fileiras dos que procuram aniquilá-lo de qualquer forma.
A velha expressão popular “matar o tempo” reflete a inconsciência vulgar, nesse sentido.
Nos mais obscuros recantos da Terra, há criaturas exterminando possibilidades sagradas. No entanto, um dia de paz, harmonia e iluminação, é muito importante para o concurso humano, na execução das leis divinas.
Os interesses imediatistas do mundo clamam que o “tempo é dinheiro”, para, em seguida, recomeçarem todas as obras incompletas na esteira das reencarnações... Os homens, por isso mesmo, fazem e desfazem, constroem e destroem, aprendem levianamente e recapitulam com dificuldade, na conquista da experiência.
Em quase todos os setores de evolução terrestre, vemos o abuso da oportunidade complicando os caminhos da vida; entretanto, desde muitos séculos, o apóstolo nos afirma que o tempo deve ser do Senhor.

Livro: Caminho Verdade e Vida.
Chico Xavier/Emmanuel.

NISTO CONHECEREMOS

"Nisto conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro." (I JOÃO, 4:6.)

Quando sabemos conservar a ligação com a Paz Divina, apesar de todas as perturbações humanas, perdoando quantas vezes forem necessárias ao companheiro que nos magoa; esquecendo o mal para construir o bem; amparando com sinceridade aos que nos aborrecem; cooperando espiritualmente, através da ação e da oração, a benefício dos que nos perseguem e caluniam; olvidando nossos desejos particulares para servirmos em favor de todos; guardando a fé no Supremo Poder como luz inapagável no coração; perseverando na bondade construtiva, embora mil golpes da maldade nos assediem; negando a nós mesmos para que a bênção divina resplandeça em torno de nossos passos; carregando nossas dificuldades como dádivas celestes; recebendo adversários por instrutores; bendizendo as lutas que nos aperfeiçoam a alma, à frente da Esfera Maior; convertendo a experiência terrena em celeiros de alegrias para a Eternidade; descortinando ensejos de servir em toda parte; compreendendo e auxiliando sempre, sem a preocupação de sermos entendidos e ajudados; amando os nossos semelhantes qual temos sido amados pelo Senhor, sem expectativa de recompensa; então, conheceremos o espírito da verdade em nós, iluminando-nos a estrada para a redenção divina.

DOUTRINAÇÕES

"Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos nos céus." — Jesus. (LUCAS, capítulo 10, versículo 20.)

Freqüentemente encontramos novos discípulos do Evangelho exultando de contentamento, porque os Espíritos perturbados se lhes sujeitam.

Narram, com alegria, os resultados de sessões empolgantes, nas quais doutrinaram, com êxito, entidades muita vez ignorantes e perversas.

Perdem-se muitos no emaranhado desses deslumbramentos e tocam a multiplicar os chamados "trabalhos práticos", sequiosos por orientar, em con-tactos mais diretos, os amigos inconscientes ou infelizes dos planos imediatos à esfera carnal.

Recomendou Jesus o remédio adequado a situações semelhantes, em que os aprendizes, quase sempre interessados em ensinar os outros, esquecem, pouco a pouco, de aprender em proveito próprio.

Que os doutrinadores sinceros se rejubilem, não por submeterem criaturas desencarnadas, em desespero, convictos de que em tais circunstâncias o bem é ministrado, não propriamente por eles, em sua feição humana, mas por
emissários de Jesus, caridosos e solícitos, que os utilizam à maneira de canais para a Misericórdia Divina; que esse regozijo nasça da oportunidade de servir ao bem, de consciência sintonizada com o Mestre Divino, entre as certezas
doces da fé, solidamente guardada no coração.

A palavra do Mestre aos companheiros é muito expressiva e pode beneficiar amplamente os discípulos inquietos de hoje.

Livro: Caminho Verdade e Vida.

Chico Xavier/Emmanuel.

FILHOS DA LUZ

FILHOS DA LUZ"Andai como filhos da luz." - Paulo.

(EFÉSIOS, 5:8.)Cada criatura dá sempre notícias da própria origem espiritual.

Os atos, palavras e pensamentos constituem informações vivas da zona mental de que procedemos.

Os filhos da inquietude costumam abafar quem os ouve, em mantos escuros de aflição.

Os rebentos da tristeza espalham o nevoeiro do desânimo.

Os cultivadores da irritação fulminam o espírito da gentileza com os raios da cólera.

Os portadores de interesses mesquinhos ensombram a estrada em que transitam, estabelecendo escuro clima nas mentes alheias.

Os corações endurecidos geram nuvens de desconfiança, por onde passam.

Os afeiçoados à calúnia e à maledicência distribuem venenosos quinhões de trevas com que se improvisam grandes males e grandes crimes.

Os cristãos, todavia, são filhos da luz.E a missão da luz é uniforme e insofismável.Beneficia a todos sem distinção.

Não formula exigências para dar.Afasta as sombras sem alarde.

Espalha alegria e revelação crescentes.Semeia renovadas esperanças.Esclarece, ensina, ampara e irradia-se.

Vinha de Luz

Chico Xavier/André Luiz


QUEM LÊ, ATENDA

"Quem lê, atenda." - Jesus. (MATEUS, 24:15.)

Assim como as criaturas, em geral, converteram as produções sagradas da Terra em objeto de perversão dos sentidos, movimento análogo se verifica no mundo, com referência aos frutos do pensamento.

Freqüentemente as mais santas leituras são tomadas à conta de tempero emotivo, destinado às sensações renovadas que condigam com o recreio pernicioso ou com a indiferença pelas obrigações mais justas.

Raríssimos são os leitores que buscam a realidade da vida.

O próprio Evangelho tem sido para os imprevidentes e levianos vasto campo de observações pouco dignas.

Quantos olhos passam por ele, apressados e inquietos, anotando deficiências da letra ou catalogando possíveis equívocos, a fim de espalharem sensacionalismo e perturbação? Alinham, com avidez, as contradições aparentes e tocam a malbaratar, com enorme desprezo pelo trabalho alheio, as plantas tenras e dadivosas da fé renovadora.

A recomendação de Jesus, no entanto, é infinitamente expressiva.

É razoável que a leitura do homem ignorante e animalizado represente conjunto de ignominiosas brincadeiras, mas o espírito de religiosidade precisa penetrar a leitura séria, com real atitude de elevação.

O problema do discípulo do Evangelho não é o de ler para alcançar novidades emotivas ou conhecer a Escritura para transformá-la em arena de esgrima intelectual, mas, o de ler para atender a Deus, cumprindo-lhe a Divina Vontade.

Livro; Vinha de Luz
Chico Xavier/Emmanuel