Uma das fundadoras do movimento Simplicidade Voluntária, a escritora americana prega a abstinência do luxo, o respeito ao meio ambiente e considera que o grande mal do planeta é o consumismo, alerta todos os que ouvem suas palestras, a não buscarem a felicidade nos shoppings, e pensar duas vezes para abrir a carteira e fazer os cálculos muito bem feitos, antes de comprar qualquer coisa, procurando verificar quantas horas de trabalho precisará para ganhar o dinheiro que se pretende gastar.
Inquirida sobre o porquê de se consumir tanto nos dias de hoje; respondeu: “Porque a cultura do consumismo vende a vergonha. Se a propaganda puder envergonhar alguém, terá um consumidor em potencial. As pessoas se envergonham de não ter algo. E correm às compras para cobrir essa vergonha imediatamente. Dessa forma, nossa cultura vende vergonha e sentimento de inferioridade. E ninguém quer ser inferior aos outros”.
Logo a seguir, explica como isso acontece: “As propagandas passam a idéia de que você é infeliz, gorda e feia. Ao comprar determinado produto, porém, poderá ser feliz, jovem, magra. E com namorado. Sutilmente, dizem que podem melhorar sua vida. Além disso, a cultura do consumo corta a ligação com a família. Quem tem amigos não consome tanto. Quando se tem família, tudo acontece ao redor dela. Longe de ambos, é preciso pagar por tudo. O consumismo cresce quando essas ligações são rompidas. O consumismo nos ensina que o mundo é morto, sem vida. Ele faz você se sentir sozinho. Por isso, tento re-conectar as pessoas entre si e com seu mundo interior”.
Quando, perguntada sobre se as pessoas são mais felizes por comprarem mais, ela assim se expressa: - “É o que chamamos de curva da felicidade. Quando você compra o que é necessário para sobreviver, há muita alegria em relação ao valor gasto. Quando é por conforto, a alegria é menor. Depois de certo ponto, comprar não dá mais felicidade. Tudo será lixo - coisas que você compra, mas que não lhe dão nada. Pode ser até mesmo uma casa”.
Em seguida, a escritora americana, responde de forma bem simples, a pergunta formulada pela citada revista, se é possível levar uma vida simples nas grandes cidades? Dizendo: “É uma vida com intenções, na qual a pessoa pensa em seus valores e no que é importante. É uma maneira de refletir sobre o que está acontecendo. Quem sonha muito não está refletindo. Se refletimos, podemos nos distanciar dos assuntos e ponderar melhor. Depois, voltamos ao curso normal da vida com mais consciência. Muitas vezes, numa sociedade consumista, as pessoas se dão conta de que têm muito, consomem muito, fazem tudo muito rápido e não têm horas suficientes para fazer o que realmente querem. É a doença do muito. O consumismo nos distrai e enche todas as horas do dia. Quando estamos cansados, não temos tempo sequer para pensar no que realmente queremos. Vida simples é viver com o suficiente, o essencial”.
Fala-nos ainda que as crianças de hoje começam a consumir muito cedo; enfocando que: - “A indústria de propaganda mira conscientemente as crianças. Sabe que, se as ensinam cedo a tomar Coca-Cola em vez de Pepsi, a vida inteira consumirão Coca-Cola sem se dar conta. As agências de propaganda sabem detalhes como o tom de vermelho de que uma criança de 2 anos gosta. As crianças ficam muito tempo em frente à televisão. Nos primeiros cinco anos, aprendem a realidade por meio da TV. Por isso é muito difícil uma pessoa, ao chegar aos 40, se dar conta de que algo que ela entende desde a infância como verdade não é verdade. A Coca-Cola vai ser melhor que a Pepsi para sempre”.
Alerta, a escritora americana, para o fato de as pessoas contaminadas pela peste do consumismo, nunca se darem conta disso, porque, – “O ser humano só descobre o que quer ao ver o que o outro tem. Nessa cultura da propaganda, vemos muita gente com muito mais que nós. O estilo de vida dos ricos está nas revistas. Disso surgem os desejos. Se você não pode ter algo, fica deprimido. Compra para não se sentir pior que o outro. É o que acontece com os negros americanos, que compram para ser como os brancos. Nos Estados Unidos, somos tão racistas que os negros se endividam para comprar as mesmas coisas que os brancos. Com isso, criam dívidas enormes”.
Em vista do exposto, é preciso se ter muita cautela em relação às nossas reais necessidades de consumo, para não sermos também vítimas desse mal que cresce de forma surpreendente a desgraçar a vida de inúmeras famílias de todas as classes sociais, com efeito maior e bem mais devastador naquelas de menor poder aquisitivo.
Por essa razão, cada vez mais nos certificamos do valor da mensagem espírita, que nos esclarece para os cuidados que precisamos tomar contra esse perigoso mal que infelicita a tantas criaturas em todo o mundo, justamente pela falta de observação para suas reais necessidades da vida, aumentando nosso entendimento e compreensão de que, não precisamos da grande maioria dos bens supérfluos que nos matamos para conseguir...
No livro Episódios Diários, a benfeitora Joanna de Ângelis, nos assevera:
“O Consumismo atual responde por muitos problemas. As indústrias do supérfluo apresentam no mercado um sem-número de produtos desnecessários, que aturdem os indivíduos. Estimulados pela propaganda bem elaborada, desejam comprar, mesmo sem poder o que vêem, o que lhes é apresentado, numa volúpia crescente”.
Mais à frente esclarece: (...) consumismo é fantasia, transferência do necessário para o secundário. O consumidor que não reflete antes de adquirir, termina consumido pelas dívidas que o atormentam. Muita gente faz compras, por mecanismos de evasão.
(...) Insatisfeitas consigo mesmas, fogem adquirindo coisas mortas, e mais se perturbando. Confere a necessidade legítima, antes de te permitires o consumismo” .
Os Imortais da Vida Maior responderam a Allan Kardec, seus questionamentos sobre o assunto conforme segue:
Necessário e supérfluo
715. Como pode o homem conhecer o limite do necessário?
“Aquele que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa.”
716. Mediante a organização que nos deu, não traçou a Natureza o limite das nossas necessidades?
“Sem dúvida, mas o homem é insaciável. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza lhe traçou o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais.”
717. Que se há de pensar dos que açambarcam os bens da Terra para se proporcionarem o supérfluo, com prejuízo daqueles a quem falta o necessário?
“Olvidam a lei de Deus e terão que responder pela privações que houverem causado aos outros.”
Nada tem de absoluto o limite entre o necessário e o supérfluo. A Civilização criou necessidades que o selvagem desconhece e os Espíritos que ditaram os preceitos acima não pretendem que o homem civilizado deva viver como o selvagem. Tudo é relativo, cabendo à razão regrar as coisas. A Civilização desenvolve o senso moral e, ao mesmo tempo, o sentimento de caridade, que leva os homens a se prestarem mútuo apoio. Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da Civilização. Desta têm apenas o verniz, como muitos há que da religião só têm a máscara.
Resta-nos, seguir os ensinamentos contidos na filosofia espírita, para entendermos que as coisas de fora não equacionarão nossos estados íntimos qualquer que seja nossa dificuldade, dão-nos a falsa impressão de que resolveremos nossas aflições, para em seguida nos mostrarem que são na verdade incapazes de nos dar a paz que buscamos de forma equivocada, e que só encontraremos com a disposição de fazer a nossa real modificação interior, na busca e no desenvolvimento dos valores morais espirituais que jazem latentes no imo do nosso ser, a espera da nossa disposição de utilizá-los.
Fontes:
Livro Episódios diários - Divaldo Pereira Franco - Joanna de Ângelis– Livraria Espírita “Alvorada” 1ª Edição- 25 Capítulo.
Livro dos Espíritos – Allan Kardec – FEB. 76ª Edição
Revista Época.